quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

THE LA'S





Dentre as boas bandas de Liverpool, que fizeram história, The Beatles é certamente a mais conhecida, por outro lado, The La’s é provavelmente a mais desconhecida. Veja bem, estou falando das bandas que fizeram história, é claro que deve existir um sem número de bandas em Liverpool que nunca ninguém ouviu falar, o que significa que The La’s não é tão ignorada assim. Eu penso que para o mainstream, ela seria uma banda underground e para o underground, ela seria mainstream. É a famosa banda quase! Aquela que quase estourou, quase chegou lá, porém acabou morrendo na praia, mas os poucos que a conhecem, costumam venerá-la como um dos melhores grupos dos anos 80. O que de fato The La’s realmente foi.




A banda foi formada em 1983, segundo Mike Badger, cantor e compositor da formação original. O nome The La’s ocorreu durante um sonho e ele curtiu porque “lads” é uma palavra usada em Liverpool para designar “caras” (rapazes), além de ter óbvias conotações musicais. Ganharam certo prestígio tocando nos bares de Liverpool e chegaram a ter algumas faixas inclusas em coletâneas locais. Lee Mavers chegou em 1984 como guitarrista rítmico, aos poucos foi escrevendo algumas canções e emergiu no grupo assumindo a linha de frente. Outro integrante importante do La’s, o baixista John Power, apareceu somente em 1986, mesmo ano em que Badger resolveu deixar a banda, mas os dois chegaram a participar juntos de uma sessão de gravação no The Attic Studio, em setembro. Naquele mesmo ano, depois de uma série de apresentações bem sucedidas em sua cidade natal, o La’s chamou a atenção de algumas gravadoras, principalmente porque uns bootlegs com gravações das demos realizadas nos estúdios de ensaio em Liverpool, começaram a circular. Esses tapes chegaram aos ouvidos de alguns selos que ofereceram um contrato de gravação e eles acabaram assinando com a Go! Discs.

A partir daí, começou uma novela com um final não muito feliz. O primeiro single, Way Out, lançado em outubro de 1987, foi mixado e produzido por Gavin MacKillop (Goo Goo Dolls, The Rembrandts, The Church...), chegando a figurar na parada entre os 100 mais e recebendo elogios do frontman dos Smiths, Morrissey, através da revista Melody Maker, mas não teve grande repercussão. Cinco mil cópias foram prensadas e acabaram se tornando um item bastante disputados pelos fãs e colecionadores. Este foi o início da carreira musical do La’s, que duraria pouco mais de cinco anos até eles espirrarem para fora dos holofotes em 1992. O motivo do fim foi justamente o primeiro álbum, que custou a sair. Lee Mavers queria controlar todas as atividades da banda e estava obcecado à procura do som perfeito, algo parecido com o que aconteceu com Brian Wilson, dos Beach Boys, no álbum Smile. Por causa disso, eles gravaram e regravaram várias vezes as mesmas músicas trocando de estúdio, produtor e até de formação, apenas Mavers e Power permaneceram. Enquanto o disco não saia, lançaram, em 1988, o single de “There She Goes”, a exemplo do primeiro lançamento a música não repercutiu muito, mas seria o maior hit da banda no futuro. Depois de trabalhar com o produtor Jeremy Allom no Pink Museum Studio, em Liverpool, a banda estava prestes a lançar o single de "Timeless Melody", em maio 1989. A música, uma das minhas prediletas, chegou a tocar nas rádios e foi apontada como “gravação da semana” pela revista britânica Musical Express. Mas o pentelho do Mavers ficou descontente com a forma que ela soava e o single não foi liberado comercialmente. O lado B desse não lançamento incluía uma versão de "Clean Prophet", que ainda permanece oficialmente não lançada, e uma blues jam chamada "Ride Yer Camel". Esse disco é extremamente raro, pois foram feitas apenas algumas prensagens de teste, nem preciso dizer que é disputado a socos, tapas e pontapés pelos tais colecionadores.





Em 1990, depois de quatro anos de trabalhos, de saco cheio com os preciosismos de Mavers e cansada de investir num álbum que não saía nunca, ainda que a contragosto do cantor, a Go! Discs resolveu que estava na hora e fez o lançamento. Aconteceu que o disco, batizado com o nome da banda, caiu nas graças da crítica e consequentemente do público, alcançando o 30º lugar nas paradas britânicas e a nova versão de “There She Goes”, incluida no álbum, ficou em 13º entre os singles, sendo até hoje a música mais conhecida do grupo. Já nos EUA as coisas não foram tão bem, ficaram em 196º lugar, entre os 200 da parada Billboard, com vendagens abaixo de 50.000 cópias, o que para indústria fonográfica é pouco (depois eles dizem que não são gananciosos - hahahaha!). Mas no Reino Unido estava tudo em casa, além do publico e da crítica, The La's ganhou também o reconhecimento do meio, sendo elogiado pelos seus conterrâneos do Echo and the Bunnymen e Noel Gallagher do Oasis, reafirmando-os como um dos grandes momentos pop do ano e aumentando as comparações com os Beatles, o que já rolava antes mesmo do lançamento. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas realmente... Parece que Mavers foi o único que não gostou nada, nada do disco, chegando a declarar publicamente que era uma droga! Mesmo assim, as datas das turnês promocionais no Reino Unido e Europa, foram cumpridas, inclusive em alguns festivais e num giro bem sucedido pelos EUA. No final de 1991, o grupo até ensaiou uma volta ao estúdio para gravar o segundo disco, mas já não havia mais clima. Powers estava cansado de andar na estrada por tanto tempo tocando sempre as mesmas canções e, no ano seguinte, resolveu deixar o grupo e montar uma nova banda, o Cast, com o qual alcançou um relativo sucesso. Já Mavers, segundo a lenda, ficou tão decepcionado com o resultado de primeiro disco, que resolveu abandonar a carreira musical. Mas em 1995, ele voltou com a banda reformulada para alguns shows, desaparecendo em seguida. Num reencontro de Powers e Mavers em 2005, ficou no ar a promessa de um novo CD, que Powers já reconheceu como algo incerto. No final das contas, mesmo com apenas um disco lançado, The La's deixou a sua marca, tornando-se ícone e uma referência para muitas bandas do indie-pop-rock inglês.
Fontes: Wikipedia, BBC, AMG.




THE LA'S



When the La's released their debut album in 1990, it made immediate waves in the British pop scene, as well as American college radio. Drawing from the hook-laden, ringing guitars of mid-'60s British pop as well as the post-punk pop of the Smiths, the La's' self-titled first album had a timeless, classic feel. It seemed like effortless music, yet that was not the case. From their inception in 1986, lead singer/guitarist/songwriter Lee Mavers was a perfectionist with a nearly obsessive eye for detail. Consequently, the La's were never able to totally fulfill their promise.

Mavers formed the group in Liverpool with bassist John Power, guitarist Paul Hemmings, and drummer John Timson. On the strength of their demo tapes, Go! Discs signed the band in 1987, releasing the single "Way Out"; it received good reviews, yet it wasn't a chart success. Similarly, the following year's "There She Goes" received good press yet stalled on the charts. With a new lineup featuring bassist James Joyce, guitarist Cammy (born Peter James Camell), and Lee's brother Neil on drums, the La's began recording their debut album that same year. The record didn't appear until 1990. Even though Mavers claimed it was rush released, the Steve Lillywhite-produced The La's received glowing reviews and strong sales; a re-released "There She Goes" entered the U.K. Top 20 and hit number 49 in America. For most of 1991, the band was on tour. At the end of the year, they went back to the studio to record their follow-up. This time, Mavers was in complete control and he took his time to perfect the album, re-recording tracks and rewriting songs. The La's disappeared without a trace from the pop music scene. Mavers and a reconstituted band resurfaced in the spring of 1995, playing a handful of supporting concerts that featured a couple of new songs.
By Stephen Thomas Erlewine AMG



The La's - The La's [1990]

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The La's - Lost La's 1984-1986 [2001]

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Cast - Beetroot [2001]

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Mike Badger - Double Zero [2000]

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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Steps Ahead - Steps Ahead [1983]



Para completar a trilogia Eliane Elias aqui vai o Steps Ahead, grupo que tem haver com o primeiro marido dela, embora não diretamente. Antes de ir morar em Nova York, em agosto de 1981, Eliane conheceu o ambiente musical de Paris. Lá encontrou o baixista Eddie Gomez, que conheceu o seu trabalho e a incentivou tentar a sorte nos States. Alguns meses depois, convidada pelo próprio Gomes, a pianista ingressava no Steps Ahead substituindo Don Grolnick, foi lá que ela conheceu seu futuro cunhado, o saxofonista Michael Brecker (1949-2007), irmão no trompetista Randy Brecker (Brecker Brothers, ambos integrantes do naipe de metais do antológico álbum Frank Zappa in New York - 1978). A aventura durou pouco mais de um ano e gerou esse maravilhoso álbum que para mim é um dos melhores trabalhos do Steps Ahead. Depois disso, Eliane gravou um disco em parceria com Randy, o álbum Amanda (1985 – nome da filha do casal) e partiu para uma carreira solo. De modo que este é o único disco da banda em que a brasileira participa, o que não era novidade no Steps Ahead, pois mudava de formação a cada lançamento e também variou bastante a sua sonoridade jazzística ora tendendo para o R&B, ora para um estilo mais standard, passando pelo funk, fusion e por aí vai...

Michael foi um dos músicos que mais tempo tocou no Steps Ahead, mas o líder da banda era Mike Mainieri, que manteve o grupo de 1979 até 1986, com direito a uns revivals nos anos 90. Novaiorquino nato (4 de julho, 1938), Mike é um talentoso vibrafonista com uma respeitável carreira musical. Começou a tocar profissionalmente aos 14 anos excursionando com Paul Whiteman. Depois, passou um bom tempo na banda do baterista Buddy Rich (1956-1963), tornando-se um músico de estúdio muito requisitado, aparecendo em diversas gravações pop. No meio jazzístico ele ainda trabalhou com Benny Goodman, Coleman Hawkins, Wes Montgomery e muitos outros, sendo um dos pioneiros do jazz-fusion através do grupo Jeremy & the Satyrs (1968). Entre 1969 até 1972 liderou uma banda chamada White Elephant que incluía os irmãos Brecker em sua formação. Finalmente, em 1979, ele forma o Steps (logo depois passaria a se chamar Steps Ahead), que durante seus anos de atividade reuniu músicos renomados como Michael Brecker, Don Grolnick, Eddie Gomez, Steve Gadd, Bendik, Warren Bernhardt, Eliane Elias, Rachel Z, Mike Stern, Tony Levin, Victor Bailey, Peter Erskine, Darryl Jones, Richard Bona, Steve Smith e outros. Mainieri ainda continua na ativa e é dono do selo NYC, fundado em 1992.

Steps Ahead é mesmo um belíssimo exemplo do trabalho deste versátil grupo e um disco que merece ser ouvido por todos apreciadores da boa música.
Fonte: All Music Guide, Wikipedia








Steps Ahead - Steps Ahead

Steps Ahead (originally known as Steps) is a jazz fusion group and the brainchild of vibraphonist Mike Mainieri. According to the liner notes of the group's 1983 debut album (for worldwide release), entitled Steps Ahead, "Steps began as a part-time venture in 1979 at Seventh Avenue South, a New York City nightclub." The group began releasing recordings in Japan as far back as 1980.

The first line up of Steps in the period 1979-1981, as can be read on the live album Smokin' in the Pit, consisted of Michael Brecker (tenor sax), Steve Gadd (drums), Eddie Gomez (bass), Don Grolnick (piano), Mike Mainieri (vibraphone), and special guest Kazumi Watanabe (guitar). This double live album was recorded on the 15th and 16th of December 1979 at The Pitt Inn Tokyo. A second studio recording was made on the 17th December 1979, called Step by Step. Smokin' in the Pit was released in 1980 and awarded a gold record and is considered their best album. The studio album Step by Step was released shortly after, followed by another live recording in the summer of 1980 called Paradox. These three albums (see Mike Manieri's notes in the booklet of the 1999 cd release of Smokin' in the Pit) were the only albums released by the group under the name of Steps. In 1982 they learned that the name Steps had been trademarked by a band in North Carolina, and therefore changed their name to Steps Ahead.

The line-up for the Steps Ahead album consisted of Mainieri, the late Michael Brecker (tenor sax), Eliane Elias (piano), Peter Erskine (drums), and Eddie Gomez (bass). The group's members has also included Dennis Chambers, Steve Gadd, Warren Bernhardt, Rachel Z, Chuck Loeb, Victor Bailey, Tony Levin, Bob Berg, Darryl Jones, Mike Stern, Richard Bona, and many others.

Brecker and Mainieri are featured on the Dire Straits album Brothers in Arms. For rock listeners, the albums Steps Ahead and Modern Times (1984, with Bernhardt replacing Elias in the main line-up, and other guest musicians appearing in limited roles) are a great bridge into a kind of jazz that is energetic and powerful. Reflecting the cooperative, ensemble nature of the band, the Modern Times album included compositions by Mainieri, Brecker, Erskine, and Bernhardt.

According to the website NYC Records, which include's Mainieri's biographical sketch and touring schedule with Steps Ahead, the 2007 instantiation of Steps Ahead includes: Mainieri (vibes), Bill Evans (sax; not to be confused with the late jazz pianist also named Bill Evans), Bryan Baker (guitar), Anthony Jackson (bass), and Steve Smith (drums), a former member of the rock group Journey. On some stops of the tour, Etienne Mbappe is listed as filling in for Jackson.
from: Wikipedia



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domingo, 1 de fevereiro de 2009

Marc Johnson - Shades of Jade [2005]







Puxando um gancho do post anterior, estou postando esse disco do Marc Jonhson que eu considero uma verdadeira obra prima. O baixista tem um feliz casamento com a pianista brasileira Eliane Elias. Na verdade, não faço idéia da relação social, pessoal ou mesmo afetiva entre eles, mas no que diz respeito à música, eles se combinam tão bem quanto feijão e arroz. Em Shades of Jade tem muito de Eliane, ela participou dos arranjos e ainda contribuiu com três composições próprias, além de mais duas em parceria com o marido. De fato, desde que casaram que ela participa dos trabalhos dele e vice-versa. Marc Johnson nasceu em Omaha, Nebrasca - EUA, em 21 de outubro, estudou na University of North Texas (UNT) aonde se tornou membro da conhecida One O'Clock Lab Band junto com Lyle Mays (Pat Metheny). Excursionou com Woody Herman no final dos anos 70 e depois de um ano, quando ele estava com 25 anos, se juntou ao Bill Evans Trio, permanecendo até a morte do pianista em 1980. Em sua carreira, não lançou muitos discos, uns dez, até o momento, mas podemos dizer que é um homem de poucos e bons. Seu primeiro trabalho solo*, foi Bass Desires (1985), gravado pelo selo europeu ECM, um belíssimo álbum que contou com a participação dos guitarristas Bill Frisell, John Scofield e o baterista Peter Erskine. Jonhson também tocou com Stan Getz (1981-1982) e volta e meia apareceu ao lado feras como John Abercrombie, Pat Metheny, Joey Baron, Charles Lloyd, Lee Konitz, Paul Motian, Ralph Towner, John Taylor (o pianista de jazz, não o baixista do Duran Duran) e outros. Em Shades of Jade o baixista trabalha com o saxofonista Joe Lovano, John Scofield, o baterista Joey Baron, e o organista Alain Mallet, além de sua esposa, para fazer um álbum inspirado em Scott La Faro, baixista do Bill Evans Trio no início dos anos 60. Veja bem, não se trata de um tributo, pois as composições não são de La Faro, mas é que o nome Shades of Jade vem de uma música dele chamada "Jade Visions" que o Bill Evans Trio gravou no disco Sunday at the Village Vanguard (1961). O crítico da revista Time, Romesh Ratnesar, fez uma avaliação positiva do álbum notando que: “Johnson desempenha descontraidamente ao fundo, permitindo que os outros membros da banda se sobressaiam... ...dirigindo o ouvinte através de dez complexas melodias nebulosas (moody). O tempo raramente passa de um shuffle moderado, dando a Lovano e Scofield espaços para exuberantes e ritimados solos, enquanto Johnson, Elias e Baron conjugam uma evolução de hipnótico ambiente acústico” Como eu disse no começo do texto, Shades of Jade é mesmo uma obra prima e da minha mais alta recomendação!
Fontes: Musicianguide.com, Wikipedia, All Music Guide

* Há um disco anterior chamado Years (1972), gravado em LP pela Vanguard, mas é meio desconhecido só foi lançado em CD no Japão. Por isso, muitos consideram Bass Desires seu primeiro trabalho solo.



Marc Johnson e Eliane Elias



Marc Johnson - Shades of Jade

For his 2005 release Shades of Jade, Johnson teamed with saxophonist Joe Lovano, guitarist John Scofield, drummer Joey Baron, organist Alain Mallet, and pianist and composer Eliane Elias. According to an ECM press release, the album title was inspired by Scott La Faro, a bassist for the Bill Evans Trio in the early 1960s. La Faro composed "Jade Visions," which appeared on the trio's 1961 album Sunday at the Village Vanguard. It was described in the press release as "an object lesson in how intensity could be focused in inward-looking music, of enduring beauty." Time magazine jazz critic Romesh Ratnesar positively assessed the album, noting that "Johnson slides contentedly into the backseat, allowing the other members of a distingtuished ensemble ... to steer the listener through ten intricate, moody melodies. The tempo rarely rises above a moderate shuffle, giving Lovano and Scofield space for lush, lilting solos, while Johnson, pianist Eliane Elias and drummer Joey Baron conjure a swirling, hypnotic soundscape--- the perfect backdrop for a rainy autumn afternoon."
By Bruce Walker (Musicianguide.com).

Marc Johnson has two things going for him; he's a wonderful bass player, and he's got some big names in his address book. That much is obvious from this assured, beautiful record. Pianist Eliane Elias is Johnson's key collaborator here, both as a writer and a soloist of immense delicacy. The album centres around the trio of Johnson, Elias and Joey Baron, with strong contributions from Joe Lovano and John Scofield. It's mostly hushed, delicate stuff, though around half an hour in things shift up a gearwith the Monkish "Blue Nefertiti". But it's the ballads (and especially Elias's poised, emotionally charged soloing) that stay in the memory long after the CD's finished. While this music might not change your world, it'll feel likea better place while you're listening to it. That can't be bad.
By Peter Marsh (BBC), 09 November 2005.


John Scofield e Joey Baron


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